domingo, 2 de outubro de 2016

Era só uma baratinha...

Tinha acabado de me mudar para Belo Horizonte. O apartamento ainda estava aquele caos... como colocar uma casa de 20 anos e 250m2 num apartamento de 90m2??? Claro que acabei deixando um monte de coisa pra trás, mas ainda caculei mal... não havia espaço pra se transitar direito, ainda mais com tudo espalhado antes de encontrar seus devidos lugares.
Depois de limpar muito bem todos os armários da cozinha, resolvi que (por causa daqueles mesmo nojos bobos da crônica retrasada, aqueles que vão surgindo com o passar dos anos) ia lavar cada talher, cada vasilha, cada louça, tudo muito bem lavado antes de distribuir tudo (e a essa altura torcendo pra que coubesse!) armários afora! (pausa para reflexão profunda: "afora"... que palavra gozada! Acho que nunca havia escrito isso!)
Tive a boa ventura de ter trazido comigo e com a mudança, para me ajudarem, minha filha mais nova e meu genro, o namorado dela, aliás uma pessoa bem divertida, o tipo "peça rara"! (lá vem bronca!)
Luan (esse é o nome da pessoa divertida) quis me ajudar a lavar a louça. Aceitei de bom grado a ajuda, fiscalizando tudo, é claro, meio maníaca que sou com esse tipo de limpeza (não se preocupe, não é com tudo não! Ainda guardo um mínimo de sanidade... no caso, a mental! Rá!)
Havia um cortador de legumes manual que era todo desmontável. A lâmina ficava dentro de um compartimento que era o último a abrirmos, caso necessário uma limpeza mais profunda. Ao pegar o objeto, Luan rindo nervoso disse: "Marô, tem duas anteninhas balançando aqui!". E seguiu-se o diálogo:
- Deve ser "só" uma baratinha que veio na mudança, Lu!
(nesse momento me veio à mente uma barata enoooooorme que, ao arrumar a mudança, eu havia visto dentro de uma das caixas que eu havia pego na loja de móveis pra colocar algumas "tralhas"; barata esta que, por acaso, eu não havia conseguido matar e que depois sumira no tempo e no espaço!)
Luan, ainda tentando me sensibilizar:
- É... mas eu não gosto muito de baratas...
- Luan, você é um homem ou um saco de batatas? Deixa de ser bobo! Se ela sair daí, você mata ela!
- Tem certeza? Eu morro de nojo desse bicho!
- Pode parar de frescura, Luan! Júlia, que namorado é esse que você arrumou, que tem medo de barata? Mostra pra ele que não tem nada demais!
- Eu hein mãe! Eu morro de nojo! Não gosto nem de ver!
- Jú, "pó pará"! Não criei filha pra esse tipo de frescura não! Eu também tenho nojo, mas quando tem que matar a gente mata, uai!
- Então mata você, mamãezinha!
(Outra pausa pra explicar o cenário: Estávamos na cozinha que tinha uma porta pra área, porta essa que estava meio interrompida por um móvel e outras coisinhas no meio do caminho. A passagem da cozinha pra área, portanto, era só um buraquinho, assim mesmo se desviando de um outro pequeno móvel que andava ali por perto).
Respondendo a Júlia, eu disse:
- Ok, então! Luan, traz o cortador de legumes aqui pro tanque - disse eu me desviando de um móvel e outro em direção à area. - Você abre e balança e aí eu mato a barata.
- Ai, ai, ai... e se a barata subir na minha mão?
- Vê se deixa de frescura Luan! Assim que ela sair eu taco o chinelo nela!
Júlia então se colocou na minúscula passagem entre área e cozinha para assistir "ao espetáculo".
Luan, já rindo de nervoso, abriu devagar o tal cortador de legumes...
O que se deu após foi numa rapidez incalculável!
Ao vermos o tamanho da barata (ela era GIGANTE!!! E isso não é exagero de quem tem fobia não, gente! Acho que aquela barata tinha tomado fortificantes diferenciados!), Luan gritou mineiramente um "nussinhora" jogando o "trem" longe e eu... euzinha, jogando o chinelo pra cima e gritando "saaaai, saaaai, saaaai da minha frente", acabei empurrando vigorosamente a Júlia contra a parede pra abrir o meu caminho, saí correndo pela casa enquanto Júlia caía sentada no chão e gritava:
- Mata ela, Luan, mata ela!!!
Nessa altura, eu já não sabia se "ela" era eu ou a barata! Mas, enfim, ouvi uns tabefes meio descoordenados...  e senti um certo alívio! (Razões não me faltavam!!!)
Daqui a pouco chegam os dois na sala, onde eu, pra variar, já estava dando uma daquelas crises de riso já típicas, e Júlia ironicamente diz:
- Mato a filha esmagada na parede, mas no mesmo recinto que uma barata gigante é que eu não fico, certo mãe? É, porque eu não criei filha pra esse tipo de frescura, não! Porque quando não tem jeito a gente mata... ou sai correndo gritando "sai da minha frente"!
E Luan emenda:
- "Luan é um saco de batata!"; "Deixa de frescura, Luan!"; "Não tem nada demais! "Que namorado é esse, Ju?" E eu pergunto: que mãe é essa que quase mata a filha por causa de uma baratinha de nada...? Era "só" uma barata! Gigaaaaante, mas "só" uma baratinha!
E nós três ríamos sem parar!
Bem,  Luan matou corajosamente a barata, preciso admitir. E pra não ficar totalmente desmoralizada, preciso ainda dizer que, com certeza, se fosse mesmo uma baratinha, eu matava... claro que matava! Vocês ainda têm dúvidas?
Ah! O cortador de legumes não foi pro lixo, como sugeriu a Jú. Mas foi desinfetado e muito bem lavado e ainda o tiro de dentro do armário uma vez por ano (e num outro post posso escrever sobre a "grandissíssima utilidade" desses objetos na cozinha... e aquele que não tiver ao menos um desses em sua cozinha, que atire a primeira barata, ops, pedra!) ... mas confesso que sempre que vou usá-lo, olho pra ver se não tem nenhuma anteninha balançando.
Fui! Tenho uns legumes pra cortar...

6 comentários:

  1. Adoooorei, se fosse eu, até minha mãe iria ouvir meus gritos lá pelas bandas do bairro Fernão Dias!!!!kkkkkkkkQueria só ter assistido a cena muito bem narrada por sinal,

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    1. Que bom que gostou! Eu até hoje rio quando lembro da cena da "fortona" aqui!!! kkkkkkk beijo e obrigada pela visita!

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    1. Quem de nós, "fortonas", não temos uma história de barata, né??? kkkkkkkkkkkk Saudadona docê!!!

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  3. Eu sairia de casa imediatamente! Detesto barata. E olha que nao sou fresca .... Muito bom, Maro!

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    1. Logo você Adri??!! Você que deveria ser o meu exemplo pra não bancar a "fresca"? kkkkkkk

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